quinta-feira, 23 de julho de 2015

“Os Dez Mandamentos” falha nos efeitos especiais de cena crucial


Uma das passagens cruciais na saga de Moisés é o momento em que, procurando uma ovelha perdida, ouve um chamado de Deus, que o encarrega de voltar ao Egito para liderar a libertação do seu povo. É só a partir deste instante que ocorrem os principais acontecimentos descritos no Velho Testamento.
Tiro o chapéu para Vivian de Oliveira por ter conseguido escrever 87 capítulos de “Os Dez Mandamentos” antes de chegar a esta cena. Não é pequeno o mérito da autora e de todos os envolvidos na produção. Sem que nada de importante, de fato, tenha acontecido até agora, a novela vem mantendo excelentos índices de audiência.
A cena exibida nesta quarta-feira (22) é a chave que coloca em movimento uma sucessão de eventos – a insurreição dos judeus, a reação do faraó Ramsés, as sete pragas, a saída do Egito e a abertura do Mar Vermelho para a fuga. Na sequência, no deserto, depois de longa peregrinação, Moisés subirá ao monte Sinai e receberá a tábua com os Dez Mandamentos.
Por tudo isso, achei decepcionante a produção e a realização da cena do encontro de Moisés (Guilherme Winter) com Deus. Reconheço que é sempre complicado fazer uma representação divina. A opção da novela foi apenas por uma voz forte, enquanto o protagonista contemplava a sarça em chamas sem ser consumida pelo fogo.
Enquanto a voz lembrava a de locutor de comercial, o efeito utilizado para mostrar a sarça ardente pareceu simplório, tosco mesmo. Também estranhei o personagem dialogar com a voz sem manifestar susto, surpresa ou medo.
Fonte: MAURÍCIO STYCER
Mauricio Stycer é jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 27 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na “Folha de S.Paulo''.

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